Eu invejoso?
- Sheila Pontes

- 9 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de jan.
Ah! a inveja! Basta uma rápida olhada pelo feed do Instagram e Facebook para a encontrarmos rapidamente. Ela está presente em frases e mais frases, onde a empurramos para o próximo na tentativa de nos livrarmos desse sentimento vil. Ela está presente em todo o lugar, no trabalho, na família, nos grupos de amigos, na vizinhança.
Temos tanto medo de sentir inveja ou de sermos vítimas de um invejoso que já nos antecipamos e registramos publicamente: “A sua inveja alimenta a minha conquista!! Sou tão importante assim que você precisa me derrubar para ter sucesso? Não me inveje, trabalhe!! Se falarem mal de você não ligue, caco de vidro tem inveja de diamante!. A sua inveja é o combustível do meu sucesso.”
Essas frases entre tantas outras parecem nos proteger dos invejosos digitais, assim como supostamente faz o sal atrás da porta com os invejosos reais.
Para algumas pessoas não se pode nem falar no assunto, pois remete a tudo que há de pior que podemos sentir. Mas, a verdade é que a inveja é tão comum e humana quanto a nossa vontade de nos livrar dela. Um dia ou outro ela nos pega.
Dentre os sete pecados capitais, talvez ela seja a mais vergonhosa, a que ninguém admite sentir. Afinal de contas, quem quer um invejoso por perto não é mesmo?
É interessante observar que quase ninguém admite sentir inveja, mas todo mundo conhece um invejoso ou se sente invejado por alguém. Como disse, está aí o Facebook e o Instagram que não me deixam mentir.
A inveja dá o ar da graça através da comparação negativa com o outro. Quando nos comparamos, sentimos que o outro tem algo que nós não temos ou que é melhor que o nosso. Assim, quero o que é dele, ou melhor que o dele, de preferência para poder esfregar na cara da sociedade a minha superioridade.
E não só isso, o invejoso se ressente do sucesso do outro, fica triste e amargurado com a felicidade alheia. O invejoso tem a sensação de que está sempre em desvantagem, de que é injustiçado; por isso sente raiva.
Raiva pelo o que não tem, pelo que lhe falta. Essa sensação quase nunca pode ser suprida, pois ao conseguir realizar um desejo, lá está o invejoso querendo algo novo novamente e se ressentindo de alguém.
A inveja está presente na história da humanidade desde os primórdios e certamente foi o motivo de muita infelicidade no mundo. Pois, não basta querer o que o outro tem, mas, preciso também o destruir. O prazer do invejoso é a ruina alheia.
Se não consigo destruí-lo concretamente tirando o que ele tem, tento fazê-lo simbolicamente através da língua maledicente. Desta forma, dificilmente conseguiremos agradar um invejoso, já que falar mal e diminuir o outro é seu combustível.
Quando não consegue se apropriar da inveja que sente, o invejoso terceiriza a responsabilidade e joga sua insatisfação no outro, fazendo picuinhas e trabalhando de leva e traz mirando o caos.
Ah! Mas, o que eu sinto é uma inveja branca. Se a palavra inveja branca não puder ser substituída por admiração, então sinto muito, mas se trata da boa e velha inveja.
Mais do que fazer mal ao outro, o invejoso faz mal a si próprio, ficando estagnado e olhando o mundo ao seu redor sem se mexer, se ocupando da vida alheia e não se ocupando da sua própria vida. Ele busca fora o que lhe falta por dentro.
Deixa de explorar suas potencialidades para ser ou parecer outra pessoa. Ele não valoriza nem as próprias conquistas, nem as dos outros. Pobre do invejoso.



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