O cuidador só quer o seu amor
- Sheila Pontes

- 3 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de jan.
Você conhece alguma pessoa que passa a vida se preocupando com os outros, assume tudo sozinho, está sempre ajudando alguém, abre mão de seus próprios desejos em prol do bem estar alheio, e sente que essa é sua missão de vida? Você é essa pessoa?
Você já sentiu uma vontade irresistível de largar tudo para resolver um problema que não é seu? Pois bem, esses são os famosos cuidadores, o perfil de pessoa que sofre pelo outro porque sente que todos precisam dele e que é sua obrigação ajudar. Ele não consegue dizer não e está disposto aos maiores sacrifícios pelo bem de terceiros.
O cuidador é aquela pessoa que mesmo tendo dez irmãos, se sente no dever e na obrigação de cuidar dos pais sozinho, sem pedir ajuda a ninguém. Ele esquece completamente de si, deixa sua vida de lado e vai ficar o tempo todo se dedicando aos pais, ainda que esses não precisem ou não queiram a sua ajuda.
Pessoas com perfil cuidador, tem a tendência de sempre achar que os outros são mais importantes que ele, que todos são coitados e desamparados no mundo, quando na verdade o maior desamparo pode estar em si mesmo, daí o seu comportamento.
Mas, essa necessidade não surge do nada e na maioria das vezes pode gerar muito cansaço e sofrimento. A origem desse comportamento pode e está frequentemente relacionado a infância, ao fato de a criança compreender que ao fazer o que esperam dela ou ser boazinha é recompensada com atenção. Adular as pessoas, acaba sendo um mecanismo de se sentir menos só e receber algo em troca.
Outra possibilidade que pode estar relacionada ao perfil cuidador é que essas pessoas foram muito exigidas quando crianças, e tiveram de assumir responsabilidades muito grandes ou que não estavam preparadas para assumir na época. Isso é muito comum, quando pais que trabalham precisam deixar a casa e os filhos mais novos sob responsabilidade de um filho mais velho, por exemplo.
Existem pais que só se lembram dos filhos ou dão alguma atenção a eles quando querem lhes atribuir alguma responsabilidade, ou, aqueles que são cheios de problemas e que costumam ter os filhos como ouvintes, despejando neles suas frustrações.
Desta forma, a criança cresce aprendendo que a única maneira de agradar aos pais ou ter a atenção deles é fazendo tudo sem reclamar, que só serão amados quando estiverem preocupados com alguém ou alguma coisa.
Muitas vezes, essas pessoas acabam assumindo o papel de pais dos amigos, da família, dos colegas de trabalho, dos vizinhos, dos amigos dos filhos, dos estranhos. Estão sempre reproduzindo esse padrão infantil na vida adulta, e racionalmente se sentem bem com isso, pois enquanto cuidam dos problemas alheios não precisam lidar com suas próprias dificuldades.
Entretanto, ao agirem dessa forma, os cuidadores também deixam de olhar para si, se abandonam, sente-se sozinhos e desamparados, como se não pudessem contar com ninguém. Ao não sentirem que terão apoio, deixam de expressar suas emoções, de reclamarem quando algo não está bom, assumem mais responsabilidade do que podem dar conta e aguentam tudo de boca fechada. Gostam de ajudar, mas são orgulhosos para pedir ajuda.
Tanta angústia represada, pode se manifestar na forma de sintomas físicos ou emocionais como crises de ansiedade, nervosismo, raiva, sensação de vazio, desamparo ou até mesmo depressão.
Seja um cuidador se si mesmo, olhe para si com tanto amor e preocupação quanto tem pelos outros, pois você é a pessoa mais importante do mundo pra você. Mas, caso sinta que precise de ajuda, procure um psicólogo que possa te ajudar nessa jornada.



Comentários