Ser ou ter? Eis a questão.
- Sheila Pontes

- 6 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de jan.
Ano novo começando, novas promessas e esperanças de realizações renovadas. Esse é um ótimo momento para falarmos sobre os excessos que carregamos conosco. Sobre excessos, digo coisas, objetos mesmo.
Vocês já repararam que apesar da quantidade de coisas que temos, atualmente as pessoas estão se sentindo cada vez mais vazias? Que estamos buscando fora de nós a resolução de algo que é interno?
A grande filósofa Ana Lúcia Galvão disse certa vez que: “Se a pessoa precisa de coisas para se sentir especial, então as coisas é que são especiais e não ela.” Concordo com ela, parece que nunca precisamos de tanto para sermos felizes.
Uma parte da sociedade vive o mundo do excesso. Excesso de roupas, sapatos, aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos, cosméticos, bijuterias, papel, comida, louças, roupas de cama e banho, roupa íntima, tudo que se possa imaginar e caber em um espaço fechado.
As mulheres olham para o guarda-roupa abarrotado de coisas e se sentem sem nada para vestir, os homens compram dezenas de ferramentas que talvez nunca serão utilizadas, mas, que lhe dão uma sensação de alívio por tê-las. Vai que um dia...
Trocamos de celular todos os anos, ainda que o aparelho esteja funcionando perfeitamente. As roupas precisam acompanhar a moda, a moda muda mensalmente para vender mais roupas que serão empilhadas no armário, dando a sensação de não ter nada para vestir.
Com tantas coisas que “precisamos”, nossas casas também não tem mais espaço suficiente para guarda-las, os influencers que são pagos para falar das marcas, ensinam para os jovens que eles precisam ter gavetas e mais gavetas de maquiagem, os melhores vídeo games, o celular mais top do mercado e a consumir em excesso.
É preciso mostrar para as pessoas o quanto somos descolados e temos acesso ao melhor. O mundo precisa saber quanto dinheiro ganhamos ou quanto queremos aparentar que ganhamos. Assim, precisamos trabalhar muito para poder acumular mais coisas para mostrar.
O meu questionamento é, mostrar pra quem? A quem queremos impressionar? E nós? Nos sentimos impressionados com a vida que estamos levando? Você se sente livre ao fazer suas escolhas? Ou simplesmente as faz baseadas no que os outros irão pensar? Estamos correndo atrás de que exatamente?
Veja bem, não se trata de jogar tudo fora, andar a pé e passar a se comunicar por sinal de fumaça. Se trata de entender qual é a necessidade de adquirir coisas inúteis e o que esses objetos representam para nós.
Não estou falando necessariamente do que está fora, dos objetos em si, mas, o que eles representam do que está dentro de nós. Da maneira que pensamos e enxergamos o mundo.
As pessoas podem ter um carro do ano, desde que tenham condições e isso faça sentido para elas. Mas, o que tenho observado é que é cada vez mais comum receber no consultório pessoas que materialmente não falta nada, mas que emocionalmente parece faltar tudo.
Nós podemos e devemos ter o que quisermos, desde que tudo isso seja de fato para o nosso bem estar, pois o valor vem de quem somos e não do que temos.
Se você é feliz consumindo desenfreadamente e isso te satisfaz é seu direito de escolha, mas, se você não está feliz com isso, talvez seja hora de repensar. Devemos fazer uso dos bens materiais e não o contrário.
Não se trata do que você tem, mas de quem você é.



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